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Coragem não é o mesmo que não ter medo.

"Coragem não é o mesmo que não ter medo, mas reconhecer para si mesmo que o medo existe e, ainda assim, decidir enfrentá-lo". Não sei se essa frase tem algum autor importante na história, mas eu já disse várias vezes, já escutei e já li de diferentes fontes. Então, se não sei a quem dar o crédito, digo apenas que concordo fielmente com os dizeres.


Por mais absurdo que pareça, é mais fácil um adolescente se jogar na piscina quando seu grupo de amigos o instiga a pular, do que dizer que não sabe nadar. Na piscina, pode ser que consiga nadar cachorrinho, se agarrar na borda ou achar alguma área em que o pé alcance o fundo e a cabeça permaneça fora d'água. Fora da piscina, esse adolescente terá de lidar com os risos e as feições de desprezo de seus colegas, que o acusarão para o resto da vida de frouxo. Corajoso mesmo não é quem pula. Esse pode ser chamado de tolo. Corajoso é quem anda para trás, balança a cabeça e afirma não saber nadar e ter medo de se afogar.


É sempre muito mais fácil agir por impulso para manter a imagem que queremos que os outros tenham de nós, do que agir racionalmente para preservar quem nós realmente somos. É mais fácil xingar de volta do que pedir desculpas e deixar o carro ao lado passar nossa frente. É mais fácil gritar negações em meio a uma discussão do que se calar diante de uma acusação que nos afirma algo do qual realmente somos culpados.


Para ter coragem, é preciso ter maturidade. Crianças e adolescentes não podem ser tão corajosos assim, pois ainda não desenvolveram completamente suas capacidades de racionalizar e analisar as consequências de seus atos sem que processos emocionais tomem a frente da situação. Para ter coragem, é preciso se conhecer profundamente. Somente o espelho nos diz quem realmente somos e do que realmente precisamos, e, nesse sentido, aquilo que podemos alcançar e aquilo em que somos bastante limitados e precisamos de ajuda.


Maturidade cognitiva e maturidade afetiva, construídas pelo desenvolvimento natural e pelas experiências que vivemos, participando da aquisição de conhecimento que precisamos ter sobre nós mesmos, nos levando a enxergar que sentimos medo, que alguns medos não fazem sentido e podem ser ignorados, e que outros são tão reais quanto a força que fazemos para rejeitá-los, fugir deles, ou encará-los com honestidade.


Você tem medo de quê? Tenha medo, pois esse é um sentimento natural e inevitável, mas não se acomode nesse medo, não se afaste do objeto que te causa medo e não negue sua existência. Ao contrário, reconheça que você sente medo, entenda o motivo que te leva a sentir medo e, a partir dessas pequenas realizações, trabalhe com as possibilidades de enfrentar esse medo ou de, simplesmente, aceitar sua participação em sua vida, sem que isso te paralise ou te afaste das maravilhosas experiências que a vida tem para proporcionar.

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